Inauguração da Casa do Carnaval

Olhe para o céu e veja no alto a construção da Casa


(8 de fevereiro inauguração da casa do carnaval)

O Alto José do Pinho tem uma vasta lista de artistas e grupos culturais na comunidade, o povoamento e a historia da tomada de posse das terras e as histórias de luta e memórias dos moradores são um prato cheio para a construção de uma identidade comum e múltipla sobre o bairro. Sendo assim, uma coisa muito importante seria como um vazo para se plantar tudo que floresce aqui; daí a idéia da casa do carnaval, um projeto que é apenas um passo para a construção sólida de um museu sobre a história do bairro.
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não.
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque pênico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos numero zero.

Acho que quando Vinícius de Morais escreveu este poema ele nunca imaginaria que hoje em dia uma enorme quantidade de pessoas não teriam casa e que a história e memórias do povo e das culturas também não teriam o seu  “lugar”. 
Casa, escritório, cede ou museu... São apenas formas de se falar como o pensamento a história da vida e das culturas podem ser plantadas e solidificadas em cada um de nós.

Um homem que não se vê e não enxerga no outro não é cidadão, não é nem homem. 
Assim, foi dado um grande passo na construção coletiva do sonho de ver no “Alto” mais que morros, mais que ladeiras. Então, vamos olhar para o céu e arregaçar as mangas por que de hoje em diante teremos cada vez mais trabalho e vamos fazê-lo com  um belo sorriso no rosto, pois tudo o que construímos é nosso! 

Ontem dia 8 de fevereiro o Alto José do Pinho pôde prestigiar a inauguração da primeira CASA DO CARNAVAL no bairro, um projeto que tem a proposta de aglutinar as diversas memórias carnavalescas e históricas dos seus moradores, atualmente instalada na sede do conselho de moradores em frente a Praça 4 de Outubro, o projeto piloto da casa que visa a construção de um museu sobre as varias histórias da comunidade, em sua inauguração deu uma pequena apresentação de quem viria se apresentar na “A Prévia”.


Iniciada às 20h com a locução de FLAVIO DO CALDINHO e um cortejo pelas ruas da comunidade com a orquestra RAIZES DA TERRA a festa também contou com a participação de diversos artistas do bairro e convidados como ARIELSOM E O POETA DO IMPROVISO, RODA DE LEITURA, A POETIZA MARCIA SANTIAGO E UMA APRESENTAÇÃO DE FREVO COM PEDRO DO PASSO. Toda a festa foi um momento de se ver e ver o outro apartir das suas manifestações, uma cerimônia com um banho de boas vindas a casa e aos que vieram de bom coração recebela, foi o momento em que os olhares e risos puderam ser compartilhados com toda a comunidade, por fim um coquetel com ponches e petiscos foi servido na praça e compartilhado com todos os moradores.

Rafael Freitas






Recife, Alto José do Pinho,08 de fevereiro de 2010.
De Jailson Leonardo de Oliveira,
Para o povo do Alto José do Pinho.
Momento do evento  A Prévia: abertura oficial da Casa do Carnaval do Alto José do Pinho,

PEDRA FILOSOFAL

E assim foi anunciado
Que os filhos da Terra se encontrariam  em torno de um longo espaço
E Fariam desse espaço um novo lugar sagrado.

E teriam que mergulhar no furacão do presente para resgatar possibilidades de futuro, observando visões de como poderia ser mais, se o passado outrora vivido tivesse concebido chances de maior unidade.

E esses homens e essas mulheres teriam que ver nos olhos de si mesmo e de todos ao redor, para serem tentados a ampliar a visão de mundo e diluírem fragmentos da despercepção do contexto.

Assim, como que renovados pela nova ritualidade vital, se recitariam seus nomes, evocando os deuses, deusas, espíritos protetores, forças energéticas da natureza, exem plos de desprendimento e ousadia de homens e mulheres que ao longo dos tempos deixaram suas marcas de humanidade e transcendencialismo nas páginas concretas e imateriais da existência terrestre e universal.

E seríamos resgatados e alimentados pelo LIMO de nossos ancestrais que deram a esses territórios seus primeiros sopros vitais e contribuíram com a construção deste solo da Terra Pai e Mãe e deram os primeiros passos pára as possibilidades do hoje.

E tomados, todos, por um novo fôlego, buscariam também um novo ar; a estética procuraria um novo rosto, a sinestesia encontraria um novo corpo, e a unidade forjaria um novo povo capaz de minimizar certos sectarismos... E as tribos com esse novo espírito dançariam em volta de suas fogueiras madrugais e  entorpecidos por elementos que  contribuem com a possibilidade de ser mais evocariam todas as vontades  construtoras e  com esse   novo espírito e essas  novas forças poderiam enfim  recriar os rumos  com um pouco do  sagrado de todos, com aquilo que cada um  igual e distinto, sabe  e pode fazer de melhor.

E assim, sim! Eu e o outro nos consagraríamos a um rumo mais feliz, ao destino de um povo diverso e único... E, as tribos, também seriam umas tribos e unidos esmagaríamos esses males estrangeiros já impregnados na pele da nossa história há tempos e plantaríamos no firmamento a nossa nova Pedra Fundamental.


(Texto para ser evocado no ritual de abertura da Casa do Carnaval do Alto José do Pinho- Por Jailson Leonardo de Oliveira)